quarta-feira, 5 de outubro de 2011

04 - Araxá

"Eu perdi o meu medo meu medo da chuva..." Raul Seixas

Domingo é dia de pegar a estrada, isso deveria ser sagrado. Mas por razões diversas não tenho viajado todos os domingos. Mas nesse último eu não podia ficar em casa. A estrada ficava gritando meu nome...

Acordei cedo e finalmente consegui levar minha mãe pra um lugar onde eu pudesse ensiná-la a pilotar moto. E vocês precisavam ver a cara de felicidade dela. Parecia criança, inclusive saiu contando pra todo mundo. Fiquei feliz com isso. Espero que daqui uns dias ela me acompanhe nas viagens.

Minha mãe na Angela pela primeira vez.

Depois que deixei minha mãe em casa eu troquei de roupa e peguei a estrada, sem saber exatamente pra onde ia. Quando me dei conta estava chegando em Araxá. O dia estava nublado, prometia chuva, mas eu não acreditava e fui assim mesmo. A estrada está em ótimas condições, salvo raros trechos com alguns buracos. E lá fomos nós, curtindo a paisagem, a estrada tem muitas curvas, realmente muito gostosa de se andar.

Araxá está a quase 200 km de Uberlândia. É uma cidade bem mais antiga e que tem muita história pra contar. Dona Beja viveu em Araxá e, direta ou indiretamente, ela tem boa parte do mérito pelo Triângulo ser mineiro e não goiano. Lá tem uma das principais fontes de nióbio do mundo, um metal raro e caríssimo, que infelizmente é exportado em forma buta.

E lá tem também o Complexo do Barreiro, que agora se chama "Tauá Grande Hotel e Termas de Araxá". Foi o único lugar que eu fui na cidade. Ele começou a ser construído em 1938 e foi inauguado em 1944. A construção é magnífica, um edificio imenso e imponente cercado por bosque, jardins, fontes e lago. Vejam algumas fotos:










Depois de admiar o edifício em si eu dei uma volta pelo bosque, infelizmente não fui na fonte Dona Beja. Reza a lenda que Anna Jacintha de São José, a Dona Beja, se banhava nela todos os dias pra manter a juventude e beleza. Dizem também que era uma loira de olhos azuis que encantava todos os homens...

Bom, seguem fotos do jardim e do bosque:




Jardim em frente o hotel.








Aqui dá pra se ter uma noção do tamanho do hotel


Uma flor do jadim, em close.

A melhor definição para esse lugar: ele tem cheiro. Ele tem cheiro de flores, de plantas, de terra úmida. Definitivamente é um lugar que vale muito a pena conhecer. Saindo de lá ainda tirei algumas fotos:

Não ficou boa como eu esperava, o farol estava sujo e ainda apareceu um pedaço do celular, mas a intenção foi boa

Hotel visto de longe




Hotel Colombo.

E eis que quando eu estava voltando pra casa o céu cumpre sua promessa e a chuva cai, torrencialmente. Eu encarei a chuva, já que nem eu nem a Angela levamos jeito pra "coxinha". Até que ficou impossível de continuar, estava chovendo e ventando muito. Comecei a ter dificuldades pra controlar e parei no acostamento, liguei o pisca alerta e tentei me esconder embaixo de uma árvore, que era pouco maior que um pé de couve.

Enfim, foi um dia sensacional, lavei a alma, me diverti, conheci um lugar lindo e ensinei uma das mulheres da minha vida a pilotar outra mulher da minha vida.

Aonde a estrada nos levará semana que vem?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

03 - Uberaba e Peirópolis

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá." Gonçalves Dias

 

E minha terra também tem dinossauros, ou teve, pelo menos. E eu resolvi ir vê-los, pelo menos o que sobrou. Hoje falo de duas viagens para o mesmo lugar que aconteceram com o intevalo de 1 ano. Na primeira vez eu acordei sabendo que tinha que viajar, a estrada ficava chamando meu nome e me acordou logo cedo.  Tentei convencer minha mãe a ir comigo, mas ouvi várias desculpas, então fui sozinho.
A estrada pra Uberaba é toda duplicada. É relativamente plana, e nessa época do ano tem bastante capim seco nas pastagens e isso ressalta os alagados com a vegetação típica de coqueiros que não sei o nome e outas plantas: 
Dá vontade de rodar até a gasolina acabar

E assim eu saí rodando, passei em Uberaba, tirei algumas fotos, tentei encontrar a Mulinha que não podia me atender e acabei indo na igreja, não fui rezar, mas fiquei admirado com elas:
Dá pra ver o alto de uma igreja muito antiga...

Outra igreja muito antiga, essa foi construída pelos e para os escravos.




Igreja de São Domingos. Construída em 1818. Nesse ano João Pereira da Rocha chegava aqui e fundou a fazenda São Francisco que iria dar origem a Uberlândia. E Uberaba já tinha uma construção desse tamanho.


Detalhe: Lá dentro tem um órgão alemão, e numa excursão da escola há muitos anos um amigo meu sentou e tocou ele. Um subversivo mesmo.
Da segunda vez que fui eu não parei em Uberaba. Depois de insistir muito convenci minha mãe de que a estrada faria bem pra ela. Ela subiu na Angela pensando que iríamos ali em Cruzeiro dos Peixotos, distrito de Uberlândia a 20 km de casa. Mas quando ela subiu e eu comecei a andar eu disse: "Pronto, já consegui o que queria e você não vai pular da Angela em movimento né?". Ela deve ter ficado com vontade de me deserdar. Mas fomos pra Peirópolis mesmo assim. Peirópolis é um distrito de Uberaba e um importante parque paleontológico do Brasil. Além disso tem todo aquele clima de lugarejo do interior, muita sombra, cachoeira, cavalo, restaurante com comida típica mineira, casa de doces e tal. Um paraíso pra quem quer sombra, água fresca e comida boa.


Minha mãe. Que foi comigo na segunda vez.
Uma espécie de crocodilo que vivia nessa região há alguns milhões de anos
Fósseis de um dinossauro montados mostrando sua estrutura óssea

Eu me senti em "Jurassic Park" vendo essa foto.


Museu Paletontológico visto de fora
Eu me sentindo no mundo de Marlboro
Aonde a estrada nos levará da próxima vez? Aceito sugestões para a viagem de domingo que vem.